Varre, varre, vassourinha, varre, varre, varredor...
Vassouras à beira da estrada, para vender.
Uma das coisas que impressiona em terras macuas é o chão impecávelmente varrido à volta das palhotas nas aldeias do mato.
Todos os dias é tudo varrido.
Era assim no meu tempo e continua ainda hoje a ser usada esta vassoura.
Com ela varrem oa palhota e o terreno à volta.
Varrem tudo, até as memórias e os sonhos.
Todos os dias varrem e todos os dias é preciso varrer.
Vive-se um dia de cada vez...
O Varredor
Nelim Monti
Logo que inicia o dia
O Varredor está a varrer a praça
Calado vai varrendo...
Levando lembranças
Amores vividos
Pesando os gestos
Medindo os momentos
Olhando em tudo, sente que varre
Sonhos jurados
Alguns quais pedaços do céu pôr terra caído.
Varre tudo...
Levando lembranças
Amores vividos na praça
Em todos os bancos frios.
Em toda parte.
Varre folhas caídas
De uma página de amor morta
Em que o enredo se truncou.
Continua varrendo...
Flores murchas, pálidas
Que entre nuvens de amores
Os casais se encontravam
Varre a terra que outros amores pisaram
Varre até a casca da cigarra.
Que abrindo-se em cantigas,
Clamando ao céu e a terra seus amores
Só restou a casca...
Varre tudo...tudo...
As folhas, as flores, a casca, a lembrança,
o tempo e também o momento do seu
próprio passar.
. Othawene timpuanhia apaje...
. Maria sem vergonha - A mi...
. Ó minha Ilha de Moçambiqu...
. Nacala
. mar que eu encontro de en...