Este poema para lembrar todos os objecto da nossa infância e que ilustraram as nossas brincadeiras e sonhos à sombra dos cajueiros, mangueiras, casuarinas e muitas mais frondosas árvores da nossa infância.
AS ÁRVORES.
Eu espero, sim, que essas árvores cresçam. Adormeço com elas todas as noites, embalado pela sua sombra. Lembro-as de memória, sobre a relva verde. Lembro as suas folhas, caindo de noite. Mesmo as que ainda não vi, eu espero que cresçam, que me esperem, que me abriguem nesse dia em que mais precisarei delas, ouvindo o ruído do mar não muito longe. Tenho, a cada minuto, saudades dessas árvores.
Francisco José Viegas
Azagaia, Árvore, Sombra
Há objectos que perseguem a nossa infância,
depois, vida fora, esquecem-se os seus mágicos nomes,
a sonhada utilidade que os anima.
Poderíamos pressenti-los dentro de nós,
e isso sucede, por instantes, quando o fundo que os obscurece
se ilumina de repente
e os distinguimos a contra-luz.
Silhuetas animam-se na memória. Uma breve,
quase acessória, viagem no tempo começa.
Em África, na casa onde nasci, e depois de casa em casa
- eram frequentes as mudanças ?
o meu pai pendurava uma azagaia na parede.
Sempre a mesma azagaia. Era um objecto nobre.
marcava um hábito guerreiro: imaginar que a sustinha sobre a cabeça,
que a arremessava longe, trespassando a sombra
da árvore que se erguia no quintal.
trespassava a sombra e não a árvore, repare-se.
E então a sombra, sob o sortilégio do imaginado arremesso,
começava a retrair-se e a afilar-se. Desaparecia.
Com o desaparecimento da sombra
ficava apenas a árvore e a longa azagaia presa ao solo.
A sombra de uma árvore visita-me agora.
Vem nos meus sonhos recentes dizer-me que há um livro
nos sonhos, e que esse livro se escreve
com a linguagem crepuscular da memória.
Sei que se trata de uma sombra órfã.
Que se soltou das contingências de lugar e luz
para viajar no eterno. Sei agora que a substância da árvore
se aliou à substância da azagaia. Que ambas vibraram,
continuam a vibrar, juntas.
Luís Quintais
Poema a NAMPULA
TERRA VERMELHA
Oh terra vermelha
Que me alimentaste
Oh terra vermelha
Que me criaste
Teu cheiro é a essência
Da minha existência!
Oh terra vermelha
Que me concedeste
O privilégio de saborear
O paladar das mangas, do cajú
Do amendoim, do torretore,
Das mulheres bonitas
Que bamboleiam ao som
Dos tufos
Dá-me um espaço
Para eu poder
Descrever o teu cheiro húmido
Através dos sentimentos!
Oh terra vermelha
Que Deus me permite
Tocá-la
Com a ponta dos meus dedos
Dá-me um espaço
Para eu poder repousar
O meu sono profundo!
Lisboa, 06 de Maio de 2008
Luis Correia Mendes
Esta foto dá para reflectir.
Numa avenida de Nampula.
Do lado direito o veículo leva só uma roda e do lado esquerdo duas.
E lá vai carregado...correndo riscos e equilibrado...
Assim deviamos nós caminhar sempre, equilibrados, sem desvios, sem sacudidelas.
Viver equilibrado mental e fisicamente é estar em condições de escolher o que é melhor para nós próprios e não olhando e comparando os outros.Todos somos diferentes e especiais.
Viver em equilibrio é viver um dia de cada vez e em cada dia respeitar e dar valor ás coisas que nos são queridas.
Viver em equilibrio é não temer correr riscos.
É correndo riscos que aprendemos a ser valentes....
Quantos viveram nestas casas e noutras semelhantes...quantos projectos se fizeram dentro delas...sonhos e ideais que tudo isto envolve.
Casas de Nampula
A propósito lembrei -me desta canção:
Minha menina
se um dia fores minha
Vou comprar uma casinha
pra gente poder morar
Pintar de branco,
com janela vermelhinha,
Uma casa pequenina
pra poder te alegrar
Em frente à casa
vou plantar um pinheirinho
Pra enfeitar o teu caminho,
ser teu verde, teu frescor
E em nossa cama
vou te dar muito carinho
Nossa casa, nosso ninho,
nosso leito, nosso amor
Quando mais tarde
já cansados, bem velhinhos,
Olhando os nossos netinhos
na varanda a brincar
Eu ao teu lado
relembrando tempos idos
Nossos sonhos mais queridos
começados num altar
Vou fazer versos
tocando o meu violão
Te oferecer uma canção,
minha vida, meu calor
E em nossa cama
vou te dar muito carinho
Nossa casa, nosso ninho,
nosso leito, nosso amor
Leonardo André
A todos os da Rua dos Sem Medo dedico este "post"
e este poema
SONHOS
Inicio da Rua Cidade de Moçambique
A placa com o nome não está muito nítida, mas está lá o nome.
Muitas ruas e muitas recordações....
muitas ruas e muitas casas e muitas mais recordações e saudades...
Não posso colocar aqui tudo que vi, as ruas que percorri, mas há alguma coisa que não posso deixar de colocar.
A Rua Cidade de Moçambique é uma delas.
E agora perguntam vocês porquê (?).
Porque anos a fio palmilhei esta rua, porque vivi por duas vezes aqui em casas diferentes.
Porque tinha aqui o meu grupo de amigos, enfim...que mais dizer?
Para quê falar?
A minha última rua em Nampula.
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