Praia das Chocas - Nampula - Moçambique
Encontro ao Mar
© Efigênia Coutinho
Amanhã quando o sol raiar tenho um encontro
no mar, onde te calas e te fazes cinéreo, e,
escondes até a extrema orla do teu horizonte
numa neblina finíssima de opala!
Vou de carona no vento, cantando
com as gaivotas numa prece
sem fim, e a terra me olha lá de
longe já cheia de saudades...
Na viagem o vento vai me contando
como o sol adormecem as nuvens
as ondas brincam com as algas
e o mar beija a praia.
Quando chego, pérolas iluminam
um túnel de um azul aveludado
mesclado em tons dourados do sol.
No final uma galeria de corais
onde moram as sereias encantadas.
E eu esqueço que existe esse tal
de tempo danço com os golfinhos
troco sonetos com as ostras.
Mas lá vem a lua cabreira me
avisar sem querer me incomodar
que já é hora de partir...
Que o mar está irado.
Então me despeço e prometo
aos corais uma nova visita.
Os cavalos marinhos me escoltam
como cavaleiros medievais
sobre o manto azulado.
A praia já me esperava aflita pois o mar
atormenta a terra e a flagela com suas ondas
gigantes e eu sinto um terror sagrado, e
digo-lhe compungida e medrosa:
Mar, tu não flagelas só a terra, mas submerges
homens, e, o teu maior tesouro encontrado na terra,
nos teus abismos profundos,
talvez porque achas os homens pequenos e maus,
e quiseras tê-los feitos maiores e melhores!
Mas eu admiro-te sempre, ainda quando és
mau, porque a tua grandeza está sempre
acima de toda miséria Humana!
Tu falas à terra e aos homens com tanta
delícia de murmúrios e de sussurros, como
nunca a teve música alguma de rouxinol!
Tu, porém não és mau, senão raras vezes, lá
somente onde a terra é feia e indigna de ti;
e tu, belíssimo entre os belos, não podes ser feio!
Porque tu choras algumas vezes, e,
quando te abismas nas cavernas,
soluça como uma criança gigante!
Perdoas a terra a sua ingratidão, e aos
homens a sua sordidez, e delicias a terra
com tuas carícias, e lavas os homens da sua
Sujidade!
Depois dessa jornada, mergulho em um
sono profundo, pro beijo teu acordar!
Moçambique - Pemba
Onda que, enrolada, tornas
Onda que, enrolada, tornas,
Pequena, ao mar que te trouxe,
E ao recuar te transtornas
Como se o mar nada fosse,
Porque é que levas contigo
Só a tua cessação,
E, ao voltar ao mar antigo,
Não levas meu coração?
Há tanto tempo que o tenho
Que me pesa de o sentir.
Leva-o no som sem tamanho
Com que te oiço fugir!
Fernando Pessoa
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